Olho na mente o relógio das horas
E o tempo, voraz, sobre o futuro voa,
Consumindo tudo, derrubando o resto,
Qual Átila dos feitos que esperam vez.
O desespero é um grito mudo
No ouvido da vida, um tédio,
Um sopro na pena que cai
Dentre os dedos lânguidos do dia.
A marcha dos segundos vai
Em fila sobre as matas da razão;
São os pés das horas que o relógio marca,
Não há tempo para olhar atento.
Os feitos, os ditos e os contos,
Desses que se fala em vão, à mesa,
Também as botas sobre eles marcham,
Reduzindo a cinzas sonhos acordados.
Mas, que tristeza atroz!
Pode-se viver melhor as horas,
Mesmo que os dias vão, vão e vão,
Sem parar o tempo, sem reparar a tempo,
A aresta das coisas que ficaram lá.
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